Foi num domingo, na lua quase negra de Julho, que fomos com os nossos amigos João e Lídia apanhar sargaço. O dia no Vale estava radiante mas à medida que iamos descendo até ao mar apercebemo-nos que o nevoeiro estava com espessura de quem veio para ficar. A maré baixa era às 14:48 o que no pico de calor podia ter significado o dobro da dificuldade, felizmente o guarda-sol nublento ajudou-nos.
A família do João é de Âncora e há muitas gerações que o sargaço é o ouro das suas terras. Hoje em dia esta profissão que era tida como fulcral numa sociedade agrícola é altamente desvalorizada. Quando as águas marítimas aquecem a proliferação das algas aumenta exponencialmente. Ao mesmo tempo, as zonas balneares começam a apinhar-se de gente e há um conflito óbvio entre os que vêm por lazer e os que querem trabalhar.
"Porque as algas trazem as moscas, cheiram mal e tiram espaço ao areal!" - queixam-se os veraneantes, num tom que adivinha uma posse de uma área que é partilhada.
Pois estes sargaceiros não vêm umas meras semanas por ano para molhar o pé na água e estender os seus corpos nas areias quentes e beneficiar do iodo. Há muito que aqui vivem o ano inteiro, que as suas famílias pescam, cultivam e vivem desta simbiose com o mar. No entanto, eles hoje têm de se adequar aos tempos e pagar a quota correspondente para ter sítio onde estender e secar as algas colhidas, porque o lucro dos veraneantes é mais chorudo e cada metro quadrado roubado à toalha parece um roubo.
No caso da família do João é diferente, têm a maquia de uma casita de sargaçeiros lá na praia rochosa, sítio menos apetecível aos banhistas e por isso o estender do sargaço é aceite mas mesmo assim visto com olhos inquisitivos dos reguladores da autoridade.
Algas castanhas, verdes e vermelhas, todas elas são colhidas e estendidas numa camada fina para secar. Como esteve nublado durante uns dias demorou um pouco mais que o costume, mas ao final de 5 dias já estavam prontas a colher.
A vantagem da seca no próprio local é que se diminui drasticamente o peso e volume do sargaço e por isso podemos carregar muito mais quantidade, para além de pouparmos as costas desse esforço.
Seja para pôr no composto, directamente na terra ou para fazer preparados que servem de abonos líquidos estes amontoado de espécies é um fertilizante riquíssimo e aporta proteínas, minerais, hormonas de crescimento, vitaminas e enzimas para as plantas da horta e do pomar. Ano atrás de ano a fertilidade do solo aumenta a olhos vistos.
Estas espe
Existe
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