Em diferentes partes de África é usado um sistema de adivinhação através da areia, terra ou objectos que permite chegar a respostas complexas que guiam quem necessita no seu dia-a-dia. Mas mais do que um sistema de adivinhação, e por isso é que me apaixonei por este sistema, é uma forma de ver indígena, um sistema de observação e aprendizagem com o mundo natural, dos padrões que nos são apresentados mas que maior parte das vezes não prestamos atenção.
Muitas vezes as pessoas sentem-se desconfortáveis com a ideia de intuição ou do conhecimento empírico, talvez pelo simples facto de não ser científicamente preciso para os dias de hoje, em sociedades contemporâneas tão evoluídas como a nossa. Mas como podemos negar que os nossos ancestrais tinham tecnologias avançadas de conexão com um conhecimento profundo que nem nós conseguimos perceber nos dias de hoje? Uma das grandes áreas de debate que mostra o quão amnésicos nós somo senquanto espécie é a Arqueologia. São mais que muitas as civilizações antigas que nos deixaram provas de tipos de tecnologia que nós não compreendemos e que acaba em respostas que diminuem a imensidão do que elas realmente foram, o trabalho do repórter Graham Hancock traz alguns destes casos a descoberto e é uma leitura interessante para quem sente que as respostas dadas nos livros de História não são suficientes.
Tal como diz o escritor brasileiro Guimarães Rosa "As estórias não querem ser História e a memória recusa ser uma entre as muitas versões do passado."
A Geomância é uma dessas tecnologias que cujo conhecimento foi felizmente preservado até aos dias de hoje, vindo de África até à Pérsia, foi difundida pelos Árabes e chegou à India, à China e até à Europa. Apesar de já haverem outros sistemas de adivinhação ou geradores de respostas nestes locais a Geomância manteve-se viva e despertou interesse em muitos. Muito simplesmente consiste em dar origem a um código binário, 0 e 1 ou inactivo/activo ou até yin/yang. Quando se trabalha com este sistema usa-se de pontos, traços ou qualquer objecto natural e através de formas de cálculo e da regra dos sinais chega-se a uma das 16 figuras específicas de 4 algarismos cada, que correspondem aos 4 Elementos: Terra, Ar, Água e Fogo. Segundo os alquimistas do nosso território europeu cada par de figuras representava o positivo e negativo de energias planetárias e dessa forma ligava-se a sabedoria da Terra e do Céu.
Sugerimos que vejam este vídeo para perceberem um pouco mais sobre o estudo que o etnomatemático Ron Eglash fez sobre a história de África, a sua ligação com a geometria fractal e como o sistema de adivinhação da Terra é a origem mais plausível da algebra e do computador digital:
Oficina de Geomância: as histórias que a Terra conta
15 de Julho das 15h às 20h no Mosteiro de S.João de Arga
No fim-de-semana que aí vem, vamos ter uma Oficina de Geomância para partilhar com quem estiver interessado esta arte milenar. Vai ser uma tarde de uma simples complexidade tal como a Geomância em si. Vamos perceber os Elementos, remexer nas nossas origens, questionar muita coisa, observar com atenção e contar histórias que nos são ditadas pela natureza em si.
Aqui fica o link para as inscrições: https://goo.gl/forms/nwjcXGY6Saw6t1ag1