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A chegada na Lua Cheia do Lobo



Depois dos dias que se multiplicavam pelas células que se iam formando, finalmente os portais abriram-se e receberam um novo ser.


Não o tínhamos nomeado até ele chegar. Ainda não havia sido pronunciado intencionalmente, a confusão era tanta. Eu que tenho um afecto especial pelas palavras achei esta uma das escolhas mais difíceis da minha vida. Como se nomeia algo que não nos pertence, que veio até nós já com identidade e alma e que é por si só?


Era para ser Lopo mas esse há de ser sempre, em cada lua cheia o sentirá. Numa altura da minha vida em que não se via a possibilidade da concepção formou-se o Mateus, o nosso presente dos céus, o lobinho que uivou com a voz que afinal já conhecia pelo movimento interno de muitas vidas.


A grávida torna-se uma mãe a tempo inteiro, de um dia para o outro passa a ser tudo para eles. Dentro da célula família o núcleo é a criança, todas as atenções são para elas e de repente há mais espaços dentro de nós. Uma expansão tão grande que sentimos que conseguimos fazer muito nos pequenos espaços entre a nutrição maternal. São tempos de balanço entre o cuidar de nós e deles.


E foi depois de uma semana de interior, num pós-parto que tem sido abençoado e cheio de Amor, que fui dar um passeio para colher umas ervas...Que bom foi reencontrá-las, parece que passou uma vida!

As grandes companheiras mostram-se nestas alturas e não é por acaso que no antigamente os casamentos eram na sua maioria realizados em Maio na abertura floral e nem tão pouco é puro acaso que as crianças nasciam por agora, 9 meses depois...

É agora que temos lá fora uma abundância de plantas medicinais ideais para o tempo de resguardo, grande parte delas usadas pelas parteiras antigas, durante e após o trabalho de parto. Eram colhidas e usadas ainda verdes, com maior quantidade de água para uma diluição maior e uma acção mais gentil na mãe e bebé. Tudo se interligava.

Trouxe para dentro algumas destas plantas para me apoiarem nesta fase e partilho nas legendas das fotografias as grandes ajudas que cada uma delas representa neste tempo tão abençoado.













O bouquet da recém-mãe: Funcho (Foeniculum vulgare), Urtiga (Urtica membranaceae), Amor de Hortelão (Galium aparine), Malva (Malva sylvesytris), Milefólio (Achillea millefolium) e Calêndula (Calendula arvensis).





O Funcho é um galactogogo e ajuda na produção do leite materno e na manutenção de um fluxo saudável. Para além disso é um carminativo que reduz os gases intestinais, porque tudo o que ingerimos acaba por se diluir nas nossas secreções a criança acaba por ingerir os benefícios das plantas. A Urtiga que nos nutre e tonifica aportando minerais essenciais como o ferro, cálcio, magnésio, potássio e fósforo que ajudam a recuperar das perdas de sangue e do esforço físico, tanto do parto como do cansaço das noites. O Milefólio no meu caso, recupera a circulação sanguínea depois de uma cirurgia de parto.


Faço 1 litro desta infusão e vou bebendo durante o dia.









O Batido de Framboesa (Rubus idaeus), folha e fruto com linhaça e leite de aveia. A framboesa como adstringente fortalece e tonifica as paredes do útero e ajuda a amenizar as contracções uterinas do pós-parto. A mucilagem das sementes de Linhaça moídas na hora com o resto dos ingredientes assegura uma função intestinal regularizada.


As folhas das Malvas e das Calêndula são demulcentes e aliviam a aspereza dos mamilos gretados e doridos.






A água de Amor-de-Hortelão é uma infusão a frio da parte aérea desta planta com propriedades linfáticas e que faz com que as toxinas acumuladas na circulação da linfa sejam removidas e em consequência mais nutrição absorvida pelas células. Assim liberta os glóbulos brancos do peso do lixo linfático e potência o sistema imunitário.


O ideal é deixar numa caneca a infundir durante umas horas e vamos bebendo ao longo do dia. Passados 2 dias muda-se a matéria vegetal e continua-se no mesmo ritual de hidratação e limpeza linfática. Porque queremos mães fortes para os bebés serem mais fortes ainda!


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