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Rita Roquette

Água e Verde


A presença de plantas espontâneas que me são familiares faz-me sentir em casa, mesmo que esta esteja a 3500 milhas de distância. Houve momentos no passado em que senti o choque cultural na pele, mas depois de reconhecer estas espécies sei que não estou sozinha e que por saudá-las em retorno tenho o calor de outras Estações. Na minha opinião o poder medicinal das plantas extrapola o simples acto de ingestão, o reconhecimento destes aliados é quase como um sorriso trocado entre desconhecidos que por serem semelhantes se conhecessem tão bem e se confortam sem trocarem palavras.

Das poucas coisas que me mantêm centrada e em harmonia durante este Inverno agora coberto de neve, são as plantas ainda verdes que encontro e consigo trazê-las para dentro de casa onde podem sobreviver e continuar a trocar sorrisos. O facto de usar plantas da estação fria e mergulhá-las num banho quente faz-me sentir que estou a ajudá-las num rito cerimonial para celebrar a sua resistência e agradecer-lhes por me acompanharem onde quer que eu vá. Ontem fiz chá de hera-terreste (Glechoma hederacea) e urtigas (Urtica dioica) e por uma caneca voltei a casa, em verdade ainda lá estou!

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