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Rita Roquette

Os paraísos são lugares criados entre Reinos.



Quem procura um terreno para comprar e viver tem tendência a ter expectativas elevadas e ser exigente, mas esquecemo-nos muitas vezes de sentir o que já lá está impresso, enraizado. A dedicação não vem do nada, é uma inspiração que vem da presença e da convivência, tal qual numa família. Quem constrói com as mãos aprende a ouvir o que já lá está, passa a ser um pássaro na construção de um ninho. Sente-se a recriar o ambiente original para que tanto os animais como as plantas e o reino mineral possam co-habitar harmoniosamente.


Tanto pelo olhar das culturas tradicionais como os mais renovados movimentos nelas inspirados como a Permacultura e Agroecologia ensinam a ver o que lá está, as oportunidades que nos crescem ao redor. Para isso é preciso ter-se uma visão tendencionalmente positiva, perceber o que de bom se pode promover, coisa que nos dias de hoje não se pode disser que seja uma prática comum. A chegada a um lugar como guardião é uma chegada lenta, não se marca logo com bandeiras nem estandartes, vai-se chegando como quem quer conhecer sem ser forçoso ou invasivo. Um lugar de respeito onde o encontro é uma convivência diária de reconhecimento.


Ainda hoje, 11 anos depois de ter assumido esse compromisso com um lugar, sinto que cada entrada é uma vénia e um despertar. O que de novo há, quem está acordado hoje, quem precisa de ajuda ou um incentivo de mudança, que plantas crescem neste instante, quais me dizem respeito? Há conversas constantes evoluções persistentes e o produto nem sempre está à vista ou é instagramável. Falta dar valor a esta filosofia de ocupação constante, este amor pela Terra é que mantém a fertilidade original.


Um Plano Director Municipal, a meu ver, devia incentivar a habitação consciente e sem pegada para que se crie guardiões de espaços e não meros proprietários. Afinal somos os únicos animais que para criar abrigo necessita de licença de uma instituição ou de fundos para pagar rendas ou para construir. Um investimento na educação para a ocupação consciente dos espaços seria um passo gigante para a cultura portuguesa e para os espaços rurais abandonados.


Dá trabalho mas dá frutos!




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1 Comment


Beatriz Graça
Beatriz Graça
Mar 15, 2022

Bem hajas <3

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