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Juliette de Bairacli Levy


Já lá vão dois anos desde que escrevemos aqui no site sobre esta mulher, este ser sensível que pressentia o mundo natural de uma forma única. Juliette de Brairacli Levy nasceu em 1912 e foi uma veterinária que nunca se deixou envolver nas práticas não-naturais do mundo industrializado e que sempre remou contra essa maré. Cada vez que conhecemos alguém que teve contacto com ela durante a sua vida recebemos ainda mais histórias e claro a nossa gratidão pelo seu trabalho e presença aqui na Terra cresce também.

Aprendeu com ciganos e pastores as formas mais simples de estar em contacto e em conversa com os animais e o mundo natural. As suas crianças nasceram e cresceram em sítios como Israel, Turquia, Grécia e Norte de África, pois tal como os seus mestres ela sempre teve uma forte necessidade de se mover com o vento e de viver só com o essencial.

No seu livro Nature's Children - Filhos da Natureza - ela envolve-nos na poesia do que é viver em alinhamento com os Elementos, a imensidão das graças do fazer parte. Fala-nos na importância da exposição das crianças aos elementos logo no início de vida: os banhos de Ar dados por janelas abertas ou berços deixados ao ar livre, os banhos de Água fresca dados por nascentes de água pura e especialmente fria e os banhos de Sol tão necessários para o desenvolvimento dos mais pequenos.

A mãe é no início de vida a grande conexão à Terra, a nutrição elementar: a Mãe-Terra encorporada. É ela quem colhe com apreço a nutrição das plantas e dos seus pensamentos e os torna em nutrição disponível para o bebé. Como Juliette diz no livro " A gravidez deve ser uma canção diária de triunfo com a gratidão bem presente na mente e no coração da mulher".

Nas suas viajens humildes ela sempre aprendeu com as culturas antigas e muitas delas nómadas. Quando teve os seus filhos Juliette seguiu as indicações de partos naturais nas formas como eles o faziam e para ela os factores mais importantes que observou foi a necessidade da mãe estar bem activa até ao parto e a necessidade de uma alimentação não muito exagerada para que a criança não engorde muito dentro do útero para facilitar o parto natural. Todas as suas observações são experienciadas por ela mesma, o que aprendeu desde muito cedo enquanto trabalhava com os animais,

Num dos capítulos do livro Juliette conta-nos que quando o seu leite secou e não houve forma de o fazer fluir de novo com plantas com propriedades galactagogas como o funcho - Foeniculum vulgare - o que fez foi pedir a uma mãe que ainda estava a produzir leite para a ajudar com a amamentação ou como nos conta deixar os animais fazê-lo, mas nunca usando biberões ou borrachas. Uma das histórias mais bonitas que partilha neste livro aconteceu quando nem ela nem a ama de leite tinham mais leite para oferecer ao seu filho mas uma das suas cabras ainda tinha e depois de uma primeira tentativa de pôr o seu filho a mamar directamente do mamilo da cabra, esta cabra-mãe vinha de 3 em 3 horas para continuar esse trabalho de que foi encarregue. Existe um ensinamento de humildade muito grande quando tratamos os animais como iguais.

A base da alimentação da sua família e animais era essencialmente alimentos vegetais crús ou germinados e muitos deles plantas espontâneas na região onde viviam, isto porque percebeu que tal como animais que somos temos acesso a uma nutrição mais completa se nos alimentarmos com o que nos rodeia no seu estado original. Os seus animais sempre tiveram extrema saúde e até os animais selvagens que viviam nas redondezas aperceberam-se da mais valia de se fazerem amigos desta família.

Luz, filha de Juliette com a pequena coruja que os vinha visitar de vez em quando

Juliette sempre foi adepta do uso de plantas medicinais e do mel desde o nascimento, aliás esta era a única forma que tratava os seus filhos em caso de qualquer desarmonia. Hoje em dia os pediatras ficam horrorizados se falarmos no uso de plantas medicinais, mesmo que em doses pequenas, às vezes é importante seguirmos o que nos é semelhante e o que foi feito ao longo dos séculos por quem fazia parte da Natureza em si.

É bom lembrarmo-nos que nós precisamos de banhos de Ar, Água, Sol e Nutrição de qualidade, e que o simples acto de agradecer-mos pela sua existência ajuda-nos a perceber a grandeza de que fazemos parte, tal como Juliette fez na sua vida e em cada partilha que nos deixou em forma de folhas e palavra.

Felizmente deixou-nos um legado imenso das histórias e conhecimentos, muitas delas sobreviveram por meios de histórias contadas durante os séculos. Desde livros de viagens, passando por poesia, romances e livros práticos vale a pena encontrarmo-nos nas suas palavras, deixamos aqui alguns dos títulos dos livros:

Medicinal Herbs: their use in Canine Ailments, 1943

The Complete Herbalbook for Cats and Dogs, 1952

Spanish Mountain Life, 1955

Wanderers in the New Forest,1958

Summer in Galilee, 1959

As Gypsies Wander, 1962

A Gypsy in New York, 1962

The Herbal Handbook for Everyone, 1966

Nature´s Children, 1970

Herbal Handbook for Farm and Stable, 1976

Travelers Joy, 1979

Aqui fica também o link para o filme inspirador que fizeram sobre a sua vida e visão:

JULIETTE OF THE HERBS

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