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Hildegarda de Bingen


"Olha para o Sol. Vê a Lua e as Estrelas. Olha para a beleza da Terra verde. Agora pensa."

Hildegarda de Bingen

Porque houve quem trilhasse caminhos de luz em tempos bem mais difíceis que os nossos, houve quem em plena Época de tormento Medieval não se deixasse levar pela escuridão da repressão e com o apoio constante das plantas conseguisse sempre mostrar o que de melhor somos quando assumimos a faceta de seres de pura expressão criativa, o reflexo da Terra em si.

Quando Hildegarda tinha apenas 8 anos foi deixada ao cuidado de um Mosteiro Beneditino, este mosteiro vivenciava ainda a passagem da tradição Celta por aquela área, homens e mulheres partilhavam o mesmo edifício, mesmo que em alas separadas, e os Quatro Elementos eram vistos como sagrados e latentes em tudo o que habitava a Terra. Desde pequena que tinha visões, ou "reflexões de luz vivida", que lhe mostravam os Elementos e as suas energias, as Estações do ano, o balanço entre o que é Luz e o que é Sombra... Hildegarda via Deus dentro dos termos do Divino Feminino, a Virgem Maria era o "Solo de todo o Ser", e pedia aos homens e mulheres que considerem a dualidade de tudo o que existe e em vez de pecado original que vivessemos a sabedoria original!

Num século XII onde as mulheres eram esperadas ser vistas como membros inactivos da sociedade Hildegarda mostrou a fertilidade feminina nos seus trabalhos como escritora, compositora, naturalista, herbalista e activista ambiental, para além de representar a justiça social e a crítica à Igreja em grande parte dos seus sermões e nas cartas que trocava com o alto clero. Sentindo que a sabedoria é encontrada em toda a obra criativa dedicou a sua vida a tecer Arte, Religião e Ciência numa peça única para que fosse mais forte a mensagem e o sentido da mesma mais perto da criação do Todo.

Dos vários livros e cartas que deixou, o Causas e Curas e Physica - Os poderes curativos da Natureza são os que são mais dedicados ao Herbalismo e à cura através do Natural. Descreve-nos os Elementos que usa nos processos de cura pela sua forma, cor, energia, ocorrência, localização e usa o sistema humoral para descrever as patologias que estão ligadas ao equilibrio do ser. Como não usa qualquer sistema de medição pode nos levar a crer que trabalhava também com as subtilezas da matéria, que devido à sua personalidade sensível pode ser realmente verdade.

No seu livro Physica partilha as suas 6 Regras de Ouro para a Vitalidade que não estão de todo distantes do que vemos hoje como saúde holística:

  • Extrair energia a partir da força vital da natureza (viriditas ou o Poder do Verde)

  • Nutrição saudável e equilibrada encontrada nos poderes de cura dos alimentos

  • Regenerar nervos tensos com sono saudável e regulação de sonho

  • Encontrar o equilíbrio harmonioso entre trabalho e lazer

  • Desintoxicação e purificação com jejum regular e banho de suor

  • Optimismo e força das defesas psicológicas, utilizando as 35 virtudes subconscientes, que pela forma de arquétipos nos ajudam a reconhecer os vicios e a guiá-los até às virtudes correspondentes, muito semelhante à forma como os florais de Bach funcionam, dando espaço à pessoa para se auto-aperfeiçoar.

Árvore da Vida

Vibrava com tudo o que representa Deus, ou pela força viriditas que permeia o mundo de humidade e vitalidade. Para Hildegard o divino estava em cada folha, em cada flor ou em cada pedra, mas não a face total de Deus, essa só existia na conexão de tudo o que é manifestado, na relaçao entre todas as coisas, a grande Teia da vida. Conseguiu através das várias artes mostrar o que é ser parte desta vibração e para ela a música representava a forma mais elevada de rezar, onde o ser humano entra no extâse que é ser terreno e divino em harmonia. Desenvolveu letras e melodias altamente evoluídas porque para ela a "alma é sinfónica".

Hoje em dia a doutrina que Hildegarda professava tem nome e é chamado de Panenteísmo, querendo dizer que o divino interpenetra tudo o que existe mas ao mesmo tempo transcende o Tudo.

Como ensinou o Rabino Heschel "A humanidade não será salva por mais informação, mas por mais apreciação." É com o mesmo apreço que Hildegarda tinha pelo Mundo Nartural que queremos continuar o nosso caminho, para aprendermos sempre mais e não perdermos rasto do ser criativo que somos: a manifestação do que ela chamava de "Deus Não-Silencioso".

Para mais sobre esta mulher inspiradora:

Hildegard of Bingen: A Saint for Our Times de Matthew Fox

Women in Praise of the Sacred de Jane Hirshfield

Sister of Wisdom: St. Hildegard’s Theology of the Feminine de Barbara Newman

Filme Vision de Margarethe von Trotta

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