O medo de ser notada, de serem apercebidas as suas capacidades originais, os seus traços óbvios de divindade. Encerra o cheiro no vestígio enrolado de flor efémera, a clarividência é para quem vê além deste tempo.
Colhi as folhas ligadas directamente às flores ainda abertas, agora secam.
Senti-me Eva e Bruxa na mesma e só pessoa: não toques, não cheires, é má, não serve! O numen apontado como defeito, como se não devessem se quer existir plantas com poderes divinatórios, uma perdição.
A ideia de ver para além da realidade certa, a originalidade de não copiar o feito e o feitio, a possibilidade de sermos nós a escrever a história.
As folhas da Datura secaram e vão
ser usadas. Este ano estão por todo o lado, foram chamadas à luta pela individualidade de cada um, por pulmões sãos e não constrangidos, pelas vozes que não são para ser caladas por pano. O paraíso é aqui e está cheio de bruxas capazes de ver isso.
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