Corações fechados em sépalas. Minuciosamente raspo o sabor de cada.
Exiges tanto no dever de nos envolver em pequenas investidas. Uma. Mais uma. Uma outra chega agora perto, amolecida com o acalentar do centro, dando finalmente a conhecer o que esteve fechado em copas desde a semente.
Finalmente,
Cynara.
A Alcachofra sempre esteve presente na vida lá de casa, eram o brilho especial nos anos do meu irmão. Pilhas de sépalas amontoavam-se na beira do prato e inevitavelmente novas flores eram feitas destas. Sempre me deliciei com a doçura que estas flores traziam: a água de repente virava puro açúcar, a química botânica que nos ensina pela própria esperiência.
Já chegavam cortadas prontas a entrar na água fervida. Hoje sou eu que as colho, num misto de incerteza para saber se espero mais um bocadinho e de escolher aquelas em que a poupa roxa se exibirá com toda a sua força.
Amarga na folha, doce na flor, toda a planta tem a causa e cura no mesmo corpo, tal como nós.
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