No passado sábado, teve lugar uma sessão de voluntariado nos antigos viveiros florestais de S. Lourenço da Montaria, numa parceria entre o colectivo reflorestar Serra de Arga, a Associação Reflorestar Portugual, a Associação Montariense, os Baldios da mesma Freguesia, do Corpo Nacional de Escutas da região de Viana do Castelo, assim como de outros voluntários que se juntaram à ação, num total de mais de 40 pessoas.
O objectivo desta ação incidiu na intervenção numa mancha de mimosas (Acacia dealbata) com cerca de 1700m2 que se consolidou a partir do último grande incêndio que assolou aquele local há alguns anos, onde se pretende realizar um conversão progressiva para um povoamento com autóctones.
A nossa estratégia consistiu na realização de desbastes graduais, reduzindo a densidade, mantendo algum ensombramento e cobertura florestal, condicionando a germinação do banco de sementes das mimosas e por outro, abrir oportunidades para a instalação de plantas autóctones, quer provenientes de regeneração natural, quer por sementeiras e plantações a realizar no próximo outono. Parece-nos mais sensato aproveitar alguns serviços ambientais das acácias (fixação de azoto, proteção do solo e produção de matéria orgânica) e encara-las como espécies pioneiras (que serão removidas progressivamente à medida que as espécies autóctones se vão instalando) do que a sua extração imediata. Da experiência que vamos tendo em intervenções em acaciais, defendemos claramente menos músculo e mais continuidade.
Os trabalhos incidiram em 5 tarefas diferentes:
- Desbaste das mimosas mantendo pés num compasso de 2,5mx2,5m
- Descasque de alguns pés de mimosas
- Realização de estacas, marcação e desafogamento das espécies nativas provenientes de regeneração natural. Foram encontrados pinheiros, caravalhos, sanguinhos, medronheiros e salgueiros. Seguindo-se a deposição de matéria orgânica na base como folhagem e madeira de acácia e madeira seca do local para manter a humidade e alimentar os microorganismos no solo e ecossistema, garantindo assim a saúde da regeneração natural.
- Realização de ações de engenharia natural, em locais de maior declive ou com acentuados sinais de erosão, através da colocação de estacas no solo num alinhamento seguindo as curvas de nível com a colocação de material proveniente dos desbastes a montante.
- Execução de tabuleiros em madeira, onde serão colocadas bolotas, entre outras sementes, no outono, para serem consumidas e espalhadas pela avifauna local.
Os voluntários foram divididos por cinco grupos, incidindo cada grupo numa das tarefas, rodando ao fim de um hora, de forma a que toda a gente pudesse ter contacto com todos as tarefas constituintes desta ação.
De salientar a notável capacidade de organização e trabalho do Corpo de escuteiros, sempre com uma inabalável boa disposição e vontade de aprender.
No fim da sessão, fomos recompensados com belíssimas melodias alto-minhotas acompanhadas por concertinas e cavaquinho.
Um profundo agradecimento a todos os participantes e organizadores,
Miguel Pereira e Rita Raquete
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