A Agricultura Natural é uma forma equilibrada de produzir alimento e ao mesmo tempo enaltecer a vida do solo, e apesar da origem de muitos dos preparados ser um pouco incerta o mais provável é esteja a par do nascimento da Agricultura, já que a dádiva da abundância era sentida com a necessidade de retribuição, quanto mais saúde mostrar a Terra mais alimento de qualidade me dará de volta . Sabe-se que esta técnica ainda é utilizada em grande escala nas zonas rurais da Coreia do Sul, nalguns pontos do Continente Africano e que se começa a espalhar-se de novo um pouco por toda a parte pois mostra resultados evidentes com os recursos que nos são mais abundantes.
A ideia é muito semelhante à Doutrina das Assinaturas que era utilizada já por Dióscorides no séc. I e provavelmente muito antes dele. Sob o ponto de vista medicinal as plantas eram associadas a elementos/orgãos do corpo ou a características de doenças através da observação, cheiro, textura e sabor, quando preparamos os Sumos de Plantas Fermentados estamos a tentar mimicar a forma de crescimento da planta para ser produzido um fertilizante natural que contenha propriedades das plantas que utilizamos. Não precisamos de levar a imaginação a um lugar lonqíquo para tentar im longe, existem factores muito comuns no nosso dia-a-dia como a noz que ao assemelhar-se com o cérebro nos mostra que tem benefícios para a vitalidade deste mesmo orgão, ou plantas que gostam de crescer em ambientes húmidos estão associadas ao elemento Água, plantas que crescem em solos que foram perturbados poderão ter acção calmante, para o solo e para nós como a Camomila.
É muito ligada a esta vertente do Vitalismo ou de Animismo que a Agricultura Natural evolve, pois as pessoas conheciam as plantas pela forma como estas se manifestavam e não pelo nome científico, que alguém decidiu registar e outras quantas que as mudaram ao longo dos anos...
Sumos de Plantas Fermentados
Acordámos com a luz de um sol ainda escondido, num dia em que a Lua ainda estava na influência da constelação de Escorpião, um signo de Água que está associado aos dias Folha em Agricultura Biodinâmica. A ideia era colhermos plantas espontâneas que mostrem um crescimento vegetativo abundante, ou as ditas invasivas de propósito forte, para fazermos aditivos de crescimento para a nossa horta que nesta altura abunda em acelgas, espinafres, couves de diferentes formas e feitíos, alfaces, endívias, mizunas, rúculas, mostardas...
A ideia é socorrermos à ajuda de plantas:
que estejam na época;
de crescimento energético e rápido, principalmente na parte da planta que queremos impulsionar;
que demonstrem sinais de resistência ao frio e outros factores climatéricos ou stress.
Porquê que o fazemos?
Porque é uma forma simples e eficaz de nutrir o solo, é um fertilizante completo que contem hormonas, enzimas, nutrientes e bactérias que podem ser grandes aliados na produção de alimento, facilmente ajustáveis às necessidades das plantas em cultivo e em que os resultados são quase imediatos.
Este trabalho é muito mais certeiro quando feito ao início de manhã, depois de uma noite de crescimento vegetativo onde os hormonas de crescimento ainda estão em movimento, pontuados por gotas de orvalho, o suor do trabalho nocturno, que nos presenteia com o equilíbrio de líquido ideal para o fermentado. Fomos os dois de cestos na mão à volta terreno, e depois de um tempo que poderia ter sido eterno ou infímo, voltamos a nos encontrar com os companheiros que nos iam ajudar neste missão de fertilizar a Terra. Auqi estão as nossas aliadas, no sentido dos ponteiros do relógio: Convolvulus arvensis - Corriola, Lamium macultatum - Urtiga morta ou Chupa-pitos, Echium rosulatum - Viperina e Digitalis purpurea - Dedaleira.
Cada uma com a sua peculiariedade: umas esguias, outras mais vigorosas de raíz bem ancorada à Terra, todas elas com a coragem evidente de quem não tem medo de crescer e de se mostrar ao mundo. Ao serem devolvidas ao solo estão a tentar harmonizar os desiquilibrios existentes pois ao sintetizar os nutrientes e minerais que estão em abundância e que são de sua preferência estão a recriar um novo capítulo da biologia do lugar.
Como se faz?
Colher as planta durante a madrugada ainda com orvalho, mas não com chuva;
Limpar excessos de terra, como no caso das raízes;
Cortar as plantas em pedaços de cerca de 5 cms;
Num balde adicionar dois terços do peso de planta em açúcar mascavado: se eu tiver 500 gramas de matéria vegetal vou usar +/- 300 gramas de açúcar;
Massajar os dois com vontade até sentirmos a humidade a sair por acção de osmose;
Preencher um frasco em vidro ou cerâmica com o conteúdo meloso até dois terços, não encher completamente para dar espaço para os elementos Terra e Água (da planta), o Fogo (da fermentação) e o Ar (do exterior) entrarem em comunicação;
Colocar uma pedra para submergir as plantas no líquido;
Tapar com um pano ou papel e atar com um fio como mostra a primeira fotografia;
Deixar fermentar num local escuro e de temperaturas moderadas durante 7 dias;
Extrair o Sumo ao coar a matéria vegetal, apertantando bem para que todo o líquido saia;
Juntar o peso do líquido à mesma quantidade de açúcar e guardar num frasco num local fresco ou frigorífico até à utilização seguinte;
O resto dos materiais é um óptimo aditivo para o composto!
Como e quando usar?
Os Sumos de Plantas Fermentados são usados em pequenas quantidades: por cada 5 litros de água juntam-se 2 colheres de chá de líquido. Pode ser usado para regar sementes em época de germinação ou crescimento inicial, para darmos um reforço extra de informação para o seu crescimento, para regar plantas que necessitem de uma ajuda no crescimento vegetativo, antes da floração ou em spray que é aplicado foliarmente para aumentar a resistência imunitária das plantas que possam estar afectadas por alguma doença ou praga.
Quando não usar?
Não é aconselhado usar os Sumos Fermentados depois das plantas demonstrarem crescimento exuberante, como depois de extensas chuvas, pois iriamos criar uma condição de excesso. Se etivermos em época de grande humidade teremos que ter cuidado com a possibilidade de propagação de fungos que possam ser prejudiciais.
Resultados?
Para já só usamos o Sumo Fermentado de Digitalis purpurea - Dedaleira e o da Echium rosulatum - Viperina em dois locais diferentes na horta e sentimos que no local onde adicionamos Dedaleira o crescimento das plantas foi notório tal como o aparecimento de Urtigas, que até lá eram inesistentes neste local, não sabemos se está ligado mas acreditamos que sim. Com a Viperina que foi adicionada a alguns dos rabanetes sentimos que ajudou ao desenvolvimento da raíz em comparação com os que não receberam o Sumo.
Sentimos que estas alternativas à fertilização química são de extrema importância, esperamos que esta partilha vos incentive a experimentarem nas vossas hortas e a espalhar a mensagem das formas variadas que temos de ajudar a criar um solo que vive abudantemente!